Instituição recebeu denúncias relacionadas a falhas de entrega no varejo online; Americanas.com foi proibida de vender no Estado
O descontentamento dos clientes com o serviço de entrega do varejo online foi
parar na Justiça. O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga falhas nas
operações das redes Compra Fácil e Ricardo Eletro. A instituição já conseguiu
decisões que obrigam o Ponto Frio e a Americanas a regularizar as entregas dos
produtos vendidos pela internet.
O Compra Fácil foi alvo da primeira ação movida no MP-RJ por irregularidades
nas entregas no e-commerce. O processo é de outubro do ano passado, mas ainda
não foi julgado pela Justiça.
“Percebemos um aumento nas reclamações de clientes e entramos com a ação
civil pública para tentar impedir problemas no Natal. Infelizmente não
conseguimos”, diz o promotor Pedro Rubim, que está à frente do processo.
Todos os dias, a ouvidoria do Ministério Público recebe em média três
reclamações contra o Compra Fácil, de acordo com Rubim. Ao todo, há cerca de 400
queixas contra a empresa no MP e outras 18.900 no site Reclame Aqui.
“Trazer questões sobre vendas online para a Justiça é uma vitória para o
consumidor. Agora, as empresas terão que investir para prestar um melhor
atendimento”, afirma Felipe Dellacqua, diretor da consultoria e-Tática,
especializada em e-commerce
Americanas.com foi proibida de vender no Rio
As ações contra o e-commerce da Americanas e do
Ponto Frio já foram julgadas. A Justiça proibiu nesta semana que a Americanas venda qualquer produto no Estado do Rio
enquanto não regularizar seu sistema de entrega. A decisão entrará em vigor
assim que a empresa for notificada.
Em dezembro do ano passado, a Justiça determinou que o Ponto Frio resolvesse
questões relacionadas a atrasos no frete e de produtos enviados com defeitos ou
trocados em um prazo de 30 dias. A multa por descumprimento seria de R$ 50 mil
por dia.
As queixas contra a rede Ricardo Eletro, que se
uniou com a Insinuante e formou o grupo Máquina de Vendas, ainda estão em fase de
investigação no Ministério Público. “Essa ação pode resultar em decisões
semelhantes à do processo da Americanas se for constatado o dano ao consumidor”,
afirma o promotor Julio Machado, responsável por investigar as denúncias contra
o e-commerce da Americanas e da Ricardo Eletro.
Os processos contra as varejistas online são consequencia dos problemas
logísticos decorrentes do aumento da venda no Natal, afirma Dellacqua, da
consultoria e-Tática. “Eles se prepararam para uma expansão de 25% nas vendas,
mas elas cresceram 40% no fim de ano”, diz.
Segundo ele, as falhas se devem a filas para despachar encomendas nos centros
de distribuição das varejistas e a um excesso de demanda nas transportadoras.
Para as empresas, investimento em centros de distribuição inteligentes, com mais
estoque de produtos mais vendidos por região, pode agilizar o processo.
“Assim, se a empresa identificar, por exemplo, que em São Paulo a venda de TV
está acima da média, ela pode aumentar o estoque do produto neste centro de
distribuição”, diz.
As Americanas e Máquina de
Vendas não quiseram se manifestar.
O Compra Fácil enviou o seguinte comunicado: "O Comprafacil.com informa que recebeu a notificação do
Ministério Público do Rio de Janeiro sobre questões relacionadas à entrega de
produtos aos consumidores e está no prazo de recurso para resposta e defesa
junto ao órgão, apresentando o que tem sido realizado para cumprir as
determinações e reforçar o seu compromisso com o consumidor." O varejista online
informa ainda que, entre as medidas adotadas para a redução dos problemas, estão
o aumento em 47% o número de transportadoras; a ampliação em 40%, nos últimos
quatro meses, do quadro de funcionários na operação e atendimento e a
antecipação da construção e início de operação de seu novo centro de
distribuição com investimentos de R$ 160 milhões. A empresa também afirma que
aumentou os prazos de entrega e que tem todas as mercadorias à venda em
estoque.
Marina Gazzoni, iG São Paulo
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