quinta-feira, setembro 15, 2011

Ministério Público do Rio investiga Compra Fácil e Ricardo Eletro

Instituição recebeu denúncias relacionadas a falhas de entrega no varejo online; Americanas.com foi proibida de vender no Estado

O descontentamento dos clientes com o serviço de entrega do varejo online foi parar na Justiça. O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga falhas nas operações das redes Compra Fácil e Ricardo Eletro. A instituição já conseguiu decisões que obrigam o Ponto Frio e a Americanas a regularizar as entregas dos produtos vendidos pela internet.
O Compra Fácil foi alvo da primeira ação movida no MP-RJ por irregularidades nas entregas no e-commerce. O processo é de outubro do ano passado, mas ainda não foi julgado pela Justiça.
“Percebemos um aumento nas reclamações de clientes e entramos com a ação civil pública para tentar impedir problemas no Natal. Infelizmente não conseguimos”, diz o promotor Pedro Rubim, que está à frente do processo.
Todos os dias, a ouvidoria do Ministério Público recebe em média três reclamações contra o Compra Fácil, de acordo com Rubim. Ao todo, há cerca de 400 queixas contra a empresa no MP e outras 18.900 no site Reclame Aqui.
“Trazer questões sobre vendas online para a Justiça é uma vitória para o consumidor. Agora, as empresas terão que investir para prestar um melhor atendimento”, afirma Felipe Dellacqua, diretor da consultoria e-Tática, especializada em e-commerce
Americanas.com foi proibida de vender no Rio
As ações contra o e-commerce da Americanas e do Ponto Frio já foram julgadas. A Justiça proibiu nesta semana que a Americanas venda qualquer produto no Estado do Rio enquanto não regularizar seu sistema de entrega. A decisão entrará em vigor assim que a empresa for notificada.
Em dezembro do ano passado, a Justiça determinou que o Ponto Frio resolvesse questões relacionadas a atrasos no frete e de produtos enviados com defeitos ou trocados em um prazo de 30 dias. A multa por descumprimento seria de R$ 50 mil por dia.
As queixas contra a rede Ricardo Eletro, que se uniou com a Insinuante e formou o grupo Máquina de Vendas, ainda estão em fase de investigação no Ministério Público. “Essa ação pode resultar em decisões semelhantes à do processo da Americanas se for constatado o dano ao consumidor”, afirma o promotor Julio Machado, responsável por investigar as denúncias contra o e-commerce da Americanas e da Ricardo Eletro.
Os processos contra as varejistas online são consequencia dos problemas logísticos decorrentes do aumento da venda no Natal, afirma Dellacqua, da consultoria e-Tática. “Eles se prepararam para uma expansão de 25% nas vendas, mas elas cresceram 40% no fim de ano”, diz.
Segundo ele, as falhas se devem a filas para despachar encomendas nos centros de distribuição das varejistas e a um excesso de demanda nas transportadoras. Para as empresas, investimento em centros de distribuição inteligentes, com mais estoque de produtos mais vendidos por região, pode agilizar o processo.
“Assim, se a empresa identificar, por exemplo, que em São Paulo a venda de TV está acima da média, ela pode aumentar o estoque do produto neste centro de distribuição”, diz.
As Americanas e Máquina de Vendas não quiseram se manifestar.
O Compra Fácil enviou o seguinte comunicado: "O Comprafacil.com informa que recebeu a notificação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre questões relacionadas à entrega de produtos aos consumidores e está no prazo de recurso para resposta e defesa junto ao órgão, apresentando o que tem sido realizado para cumprir as determinações e reforçar o seu compromisso com o consumidor." O varejista online informa ainda que, entre as medidas adotadas para a redução dos problemas, estão o aumento em 47% o número de transportadoras; a ampliação em 40%, nos últimos quatro meses, do quadro de funcionários na operação e atendimento e a antecipação da construção e início de operação de seu novo centro de distribuição com investimentos de R$ 160 milhões. A empresa também afirma que aumentou os prazos de entrega e que tem todas as mercadorias à venda em estoque.

Marina Gazzoni, iG São Paulo

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