Papo de Família


Meningite Infantil

A meningite é uma inflamação da membrana que recobre o cérebro. É uma doença contagiosa que pode ser grave e que aparece e piora de repente. Existem diversos tipos de meningite. Os dois principais são a meningite viral e a bacteriana. 
A meningite viral é a mais comum, e costuma ser menos grave (há pessoas que têm a doença e nem percebem). Já a forma bacteriana é mais rara, mas pode levar à morte e a seqüelas graves se não for tratada logo. 
Existem também vários tipos de meningite bacteriana (a meningocócica e a pneumocócica são as principais). Ela é sempre uma doença grave, que pode se complicar rápido, colocando a criança em perigo. Dependendo do tipo, a meningite bacteriana pode ser fatal em entre 10 e 20 por cento dos casos, além de poder causar seqüelas graves como surdez ou lesões cerebrais. 
É imprescindível procurar atendimento médico rápido. A septicemia ou sepse (infecção generalizada) é uma grave complicação da meningite, que acontece quando a bactéria causadora da doença entra na corrente sanguínea e começa a se multiplicar. É forma mais perigosa da doença, porque pode levar à morte em horas. Pode ser chamada também de meningococcemia.

Quais são os sintomas?
Os sinais nem sempre são os mesmos. O período de incubação é geralmente curto, mas costuma ser superior a 24 ou 48 horas. Os sintomas podem aparecer de forma extremamente rápida e em qualquer ordem, e alguns deles podem nem estar presentes. Podem ser parecidos com os da gripe, mas conforme avançam deixam evidente de que se trata de um quadro mais grave: 

• febre 
• dor de cabeça 
• náusea e Vômitos 
• aversão à luz 
• pescoço rígido 
• manchas vermelhas ou arroxeadas na pele 
• prostração que não melhora quando a febre baixa 
• movimentos estranhos do corpo (convulsões) 

Lembre-se: Não é preciso ter todos esses sintomas para desconfiar de meningite. No caso da meningococcemia, nem sempre uma característica mais fácil de distinguir, como o pescoço rígido, chega a aparecer. É preciso ficar atenta aos seguintes sintomas: 

• febre com mãos e pés frios 
• palidez anormal ou excessiva; coloração azulada ou cinzenta em torno dos lábios 
• forte dor nas pernas, que impede a criança de ficar de pé 
• variações no estado de consciência: agitação ou letargia que pareçam estranhas 
• manchinhas vermelhas ou arroxeadas na pele 
• calafrios 
• respiração rápida ou irregular

Você pode usar o teste do vidro se estiver desconfiada de manchas vermelhas na pele do seu filho. Pressione a lateral de um copo de vidro transparente sobre as manchas. Se elas sumirem, não há motivo de preocupação. A erupção da meningite não desaparece, pois decorre de pequenas hemorragias sob a pele. Em caso de dúvida, procure atendimento médico o mais rápido possível. 
No caso de bebês que ainda não ficam de pé nem falam, a dor nas articulações ou nas pernas pode se traduzir em extrema irritação. Mãos e pés frios também não são raros em bebês e em crianças com febre, especialmente se a temperatura estiver subindo (e você não tiver dado nenhum antitérmico). 
Fique alerta também para outros sinais, como respiração rápida e calafrios. Especialistas acreditam que, se os pais ficarem atentos a esses sintomas, vidas possam ser salvas. 
Mesmo que não apareça nenhuma mancha vermelha nem rigidez no pescoço, se seu filho parecer estar piorando a cada hora que passa, leve-o ao pronto-socorro. Confie nos seus instintos.

Recém-nascidos podem pegar meningite?
Sim. A meningite neonatal é causada com mais frequência por bactérias como a E. coli e o estreptococo do grupo B, além de estafilococos e outros microorganismos hospitalares, e em casos mais raros por uma bactéria chamada listéria. Correm mais risco de ter a doença prematuros e bebês que tenham nascido com menos de 2 kg. Outros bebês também podem pegar meningite, e a doença é mais difícil de diagnosticar nessa fase. 
Os especialistas orientam os pais a procurar ajuda médica sempre que sentirem que o bebê não está bem e quando notarem os seguintes sintomas: moleira estufada, olhar parado e pele pálida, manchada ou azulada. Recém-nascidos com meningite podem ter febre, ser difíceis de acordar e se recusar a mamar. Também podem apresentar um choro agudo ou irritabilidade quando são erguidos no colo.

Quando procurar socorro médico?
Um teste caseiro para tentar determinar se uma criança maiorzinha pode estar com meningite é pedir para que ela encoste o queixo no peito. Se não conseguir ou parecer difícil demais, vá para um hospital o quanto antes. 
Mesmo sem esses sinais específicos, sempre que o estado geral do seu filho parecer estar se agravando rápido, é melhor procurar ajuda. Confie nos seus instintos. No caso da meningite acteriana, o tratamento precoce com antibióticos é essencial para evitar consequências mais graves.

Como a meningite é diagnosticada?
O diagnóstico é feito com uma punção na espinha: uma agulha é inserida na espinha para obter uma amostra de líquor (ou líquido cefalorraquidiano), que será examinada em laboratório. O procedimento leva poucos minutos e é feito no hospital, sem necessidade de anestesia.

Qual é o tratamento?
Se a meningite for viral, o tratamento se resume ao controle dos sintomas e a repouso. Ela costuma ir embora rápido, mas a sensação de cansaço e a dor de cabeça podem permanecer por mais tempo. Em casos raros, a meningite viral pode provocar uma encefalite, a inflamação do cérebro em si, e não só da membrana que o recobre. Caso isso ocorra, e dependendo do tipo de vírus que se suspeite, os médicos podem recorrer a remédios antivirais. 
A meningite bacteriana exige tratamento imediato com antibióticos.

A meningite é contagiosa? 
A maioria dos casos de meningite bacteriana surge de forma isolada, mas podem ocorrer surtos de meningite meningocócica. Os médicos receitam antibióticos preventivos para pessoas que estiveram em contato muito próximo com a criança doente (normalmente para quem mora na mesma casa ou colegas próximos de classe). 
A transmissão ocorre na maior parte das vezes por gotículas de saliva, como as liberadas em espirros, e em adultos por beijos na boca. As bactérias que causam a doença muitas vezes são habitantes transitórios das mucosas do nariz e da garganta. É possível ter a bactéria sem ficar doente, ou seja, ser um portador são, e mesmo assim transmiti-la para as outras pessoas. 
A meningite viral é transmitida como outras doenças causadas por vírus: por secreções orais (tosse, espirro etc.) ou por maus hábitos de higiene, como não lavar as mãos depois de usar o banheiro. Antigamente, a meningite viral era também uma complicação de doenças infantis como sarampo e caxumba, mas a vacina tríplice viral praticamente eliminou essa forma da doença.

Dá para prevenir a meningite?
Hoje em dia, os bebês recebem vacina contra a bactéria Haemophilus influenzae tipo B (Hib) aos 2, 4 e 6 meses, dentro do Programa Nacional de Imunização, gratuitamente nos postos de saúde. 
Outras duas vacinas, que antes eram pagas, entraram no calendário básico de vacinação e poderão ser tomadas gratuitamente a partir de março de 2010. São as seguintes:

- Vacina pneumocócica conjugada 10-valente: aplicada em quatro doses (três doses antes dos 6 meses e uma de reforço depois de 1 ano, num esquema que pode ser aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade, por exemplo). Ela começa a ser oferecida a partir de março de 2010 em 12 estados brasileiros: Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Os outros estados deverão fazer isso nos meses seguintes. 

- Vacina conjugada contra o meningococo tipo C: estará disponível nos postos de vacinação a partir de agosto de 2010. Nas clínicas particulares, é aplicada em duas doses no primeiro semestre (3 e 5 meses, por exemplo) e uma dose de reforço após 1 ano de idade. 

Pelo menos no primeiro ano de implantação no calendário básico de vacinação infantil, essas duas vacinas – pneumocócica 10-valente e a anti-meningocócica C – serão oferecidas também para crianças de entre 1 e 2 anos de idade, em dose única. 

Ainda não existe vacina eficaz contra os meningococos tipo B, responsáveis por cerca de metade dos casos de meningite meningocócica. Pesquisas indicaram que a exposição à fumaça do cigarro dentro de casa possa aumentar o risco de a criança ter meningite, além de infecções respiratórias.

Houve um caso de meningite na escola do meu filho. O que eu faço?
É importante que a escola notifique os pais das outras crianças para que eles fiquem atentos a eventuais sintomas. Caso seu filho tenha contato muito próximo com a criança afetada, ou seja especialmente propenso a adoecer, converse com o pediatra para avaliar a necessidade de um tratamento preventivo. 

Para isso, você precisará saber se a criança doente teve meningite viral ou bacteriana. A profilaxia só é indicada no caso de doença causada por bactéria, em especial o meningococo ou o Haemophilus influenzae. 

Não deixe de avisar a escola se seu filho contrair meningite, e especifique se trata da forma viral ou bacteriana (e o nome do microorganismo causador, se identificado), para que os outros pais saibam o que fazer no caso de suspeita da doença. Se houver mais de dois casos no período de três semanas, estará estabelecido um surto. A meningite é uma doença de notificação compulsória aos centros de vigilância sanitária.


O perigo de não vacinar as crianças

Antes de ser erradicada com o uso maciço de vacinas, no final dos anos 1970, a varíola matou 300 milhões de pessoas, contando apenas o século XX. O sarampo, uma doença altamente contagiosa, foi responsável por cerca de 2,6 milhões de mortes por ano, antes de 1980, época em que começaram as intensas campanhas de vacinação. Já os casos de poliomielite, doença que pode causar paralisia infantil, apresentaram uma queda de 99% desde 1988, quando, mais uma vez, a prevenção com vacina teve início. Criadas em 1796, pelo médico britânico Edward Jenner, as vacinas deram início a uma revolução na medicina preventiva – tornando possível evitar a ocorrência de doenças letais e contagiosas. Há quem, no entanto, na contramão de todas as evidências científicas, opte por não vacinar seus filhos. A lamentável ideia encontrou abrigo entre um grupo de pais, grande parte da classe média alta, que vem optando por não imunizar os filhos para doenças que deixaram de ser comuns, como o sarampo e a difteria. Alguns por acreditarem em teorias exóticas e fraudulentas, outros por medo de que a vacina prejudique a saúde da criança e outros ainda, por questões ideológicas, pensam resistir ao que seria uma imposição criada pela indústria farmacêutica. Por um motivo ou outro, a irresponsabilidade pode colocar em  risco não só a saúde da criança, mas de todos à sua volta, alertam especialistas.

“O que estamos percebendo é que há um aumento, mesmo que pequeno, no número de pais que buscam médicos que orientam a não vacinar a criança”, diz Eitan Berezin, presidente do Departamento Científico Infeccioso da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Apesar de representarem ainda uma pequena parcela da população brasileira, esses pais que optam por não imunizar os filhos para determinadas doenças se concentram nas classes mais altas da sociedade, aquelas que, pelo menos na teoria, tiveram e têm acesso a informação de boa qualidade. Entre os argumentos mais triviais para a recusa está o medo de que a vacina traga problemas sérios de saúde, como o autismo, e a sensação de que é desnecessário se prevenir contra doenças que têm ocorrência baixa.
“Os riscos de a criança desenvolver uma complicação séria em função da vacina são muito menores do que os de ela contrair a doença. Não há nem comparação. E isso não é algo que eu acho ou acredito, é um fato  comprovado cientificamente”, diz o pediatra americano Paul Offit, um dos maiores especialistas no assunto. Além de professor da Universidade da Filadélfia, é ex-membro do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês) e autor dos livros Deadly Choices: How the Anti-Vaccine Movement Threatens Us All (Escolhas mortais: como o movimento anti-vacina ameaça a todos nós, sem edição em português) e Autism’s False Prophets: Bad Science, Risky Medicine, and the Search for a Cure (Falsos profetas do autismo: ciência ruim, medicina de risco e a procura pela cura, também sem edição em português).
Abastados e desprotegidos — De acordo com um levantamento recente feito a pedido do Ministério da Saúde, e publicado no periódico médico Vaccine, 82,6% das crianças brasileiras tomaram todas as vacinas  recomendadas até os 18 meses de idade. O estudo, que avaliou 17.295 crianças das 27 capitais, descobriu, no entanto, um dado inusitado: nas classes mais ricas das capitais mais ricas a vacinação era deficitária. Em São Paulo, por exemplo, 71% das crianças do estrato A (o mais rico) haviam recebido a imunização completa — enquanto no estrato E (o mais pobre), a cobertura era de 81%. “Uma das razões para essa discrepância é a ideia de que é exagero vacinar os filhos contra algumas doenças”, diz José Cassio de Moraes, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, membro do Comitê Técnico Assessor de Imunização do Ministério da Saúde e coordenador da pesquisa.
As vacinas que costumeiramente são mais descartadas são a de sarampo, difteria, hepatite B e da gripe. “Desde a década de 1970 os casos dessas doenças são muito baixos. Esses pais nunca tiveram de lidar, de temer essas doenças, então deixam de vacinar acreditando que o filho não corre riscos”, diz Edécio Cunha Neto, diretor do Laboratório de Investigação Médica de Imunologia Clínica e Alergia da USP. Mas, se para muitos a redução drástica nos casos dessas doenças é motivo para burlar o calendário básico de vacinação, para outros, ela pode significar sérias complicações de saúde.
Imunidade coletiva — Há dentro dos programas de vacinação o que se costuma chamar de imunidade de rebanho. A ideia é que quando você vacina, no mínimo, 95% das crianças de uma comunidade, todas ficam protegidas. Nesses 5% restantes, explicam os especialistas, estariam aquelas que por algum motivo não podem tomar vacina. No grupo estão, segundo Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), crianças com câncer, aids, com insuficiência renal ou com outras doenças crônicas que comprometem o sistema imunológico. “Elas se protegem quando há a garantia de que as outras crianças não vão transmitir a doença para ela. Vacinar o filho é mais do que uma ação individual”, diz.
Quando uma criança é vacinada, formas amenizadas ou mortas de vírus ou de bactérias que causam doenças são injetadas dentro do corpo. O sistema imunológico reconhece esses organismos e desenvolve anticorpos contra eles. Esses anticorpos ficam, então, armazenados dentro do batalhão de células de defesa do corpo, para combater a doença em caso de uma exposição futura. Se a criança não é vacinada, no entanto, ela obviamente se torna suscetível à doença — e pode se tornar um potencial agente de transmissão e até mesmo iniciar um surto.
Vacinas demais? — É esse mecanismo usado para criar os anticorpos que preocupa algumas pessoas. Há quem diga que os riscos de efeitos adversos não valham a pena, se a criança tem uma saúde plena. “Não sou contra vacinar, mas acredito que existe hoje um exagero. Há vacinas demais”, afirma Liliane Azambuja, pediatra homeopata e criadora da comunidade virtual Tem Vacina D+. De acordo com a médica, as chamadas doenças da infância, como o sarampo, ajudam a fortalecer o sistema imunológico da criança saudável. “Cerca de 90% das crianças que chegam ao meu consultório têm algum tipo de alergia. Elas são mais atópicas do que as crianças de décadas atrás. Claro que há outros fatores envolvidos, mas a vacina tem um papel importante”, diz.
Para a pediatra, seria ideal ainda que o calendário fosse repensado e as vacinas fossem dadas em períodos mais esparsos e tardios. A época de início da imunização mais adequada, seria, então, aos seis meses de idade, quando o sistema imunológico do bebê já está mais amadurecido. “Uma enorme quantidade de organismos inoculados é dado de uma vez a uma criança de meses. Acho isso muito agressivo, além de acreditar que possa ajudar a desenvolver doenças autoimunes”, diz Liliane. É bom lembrar que o sarampo é uma doença altamente contagiosa e, embora na maioria dos casos não coloque em risco crianças saudáveis, pode ser fatal para pessoas com o sistema imunológico sem resistência.
Vizinhança de risco — Felizmente, o movimento antivacinação ainda engatinha no Brasil. Em países da Europa e nos Estados Unidos, no entanto, ele vem causando surtos que preocupam as autoridades de saúde. Grupos antivacinação sempre existiram, mas em 1998 ganharam o reforço que sempre esperaram. Um estudo publicado em um dos principais periódicos médicos do mundo, o britânico Lancet, de autoria do médico Andrew Wakefield, alegava que 12 crianças que eram normais até receberem a vacina tríplice viral se tornaram autistas depois de desenvolverem inflamações intestinais. O estrago provocado foi grande. Após a divulgação da pesquisa, muitos pais optaram por deixar de vacinar os filhos contra as doenças infantis. Como resultado, houve um aumento dos casos de sarampo na Europa e nos Estados Unidos, onde a ideia de que vacinas fazem mal também prosperou. Em 2008, tanto o País de Gales quanto a Inglaterra registraram epidemias de rubéola.
O estudo, porém, era uma fraude. O jornalista Brian Deer desmascarou Wakefield, no British Medical Journal, ao provar que cinco das 12 crianças já tinham problemas de desenvolvimento, fato encoberto pelo médico. Várias pesquisas e investigações (britânica, canadense e americana) foram feitas depois do controvertido estudo, que só levou em conta a pequena amostragem de 12 crianças, e não encontraram relação entre o aparecimento do autismo e a vacina tríplice.
Wakefield perdeu a licença médica, mas continua com certo prestígio nos Estados Unidos, onde vive e ainda defende a ideia de que vacinas podem causar autismo. Influenciada por Wakefield, uma celebridade de miolo mole chamada Jenny McCarthy, cujas grandes credenciais científicas incluem ser ex-namorada de Jim Carrey e ex-coelhinha da Playboy, atribui o autismo de seu filho às vacinas e vai frequentemente à TV convencer os pais a não vacinarem seus filhos. O resultado da nefasta dupla ainda pode ser sentido em dois  continentes. De acordo com o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças, em 2011 foram registrados 30.567 casos de sarampo em 29 países da Europa. Em 2009, foram 7.175. Nos Estados Unidos, o estado de Indiana registrou 14 casos de sarampo, em fevereiro, depois que duas pessoas contaminadas foram assistir aos jogos do Super Bowl. Dos contaminados, 13 não haviam sido imunizados.
No Brasil, surtos do gênero ainda são pequenos. No estado de São Paulo, foram registrados, em 2011, 26 casos de sarampo. Desses, 60% ocorreram em pessoas não vacinadas — sete em crianças menores de um ano, cinco em indivíduos não vacinados por opção e quatro casos sem vacina documentada. Já na capital paulista foram 13 casos, com 10 ocorrendo em função da falta de vacina. O surto teve início em uma creche no bairro do Butantã, em seis bebês menores de um ano (idade indicada para a primeira dose), passando para quatro crianças com idades entre cinco e 10 anos (que não haviam sido imunizadas). “Esses surtos costumam acontecer em bolsões pequenos, porque essas crianças não vacinadas frequentam as mesmas escolas. Mas há sempre o risco, porque o vírus continua em circulação”, diz Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Dentro da lei — A garantia da vacinação está, no entanto, institucionalizada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Consta no artigo quarto que é dever da família assegurar a efetivação dos direitos à saúde. Não há, no entanto, nenhuma fiscalização que obrigue os pais a vacinar corretamente os filhos. Mas,  de acordo com Ricardo Cabezón, presidente da Comissão de Estudos do ECA da Ordem dos Advogados de São Paulo, cabe aos pais gerenciar esses direitos, e não dispor deles. “Se a criança vier a adoecer em função de uma falha na vacinação, isso pode levar à perda do poder familiar. Os pais podem responder por crime de abandono, omissão dolosa ou culposa”, diz.
Para o advogado, há uma diferença entre a escolha pessoal entre diversos tratamentos (que podem ser guiados pelas crenças e filosofias dos pais) e a recusa dos mesmos. “Só se pode tomar uma decisão como essa quando há embasamento científico que o fundamente. Não vai vacinar porque tem medo de alguma complicação? Então, tenha todas as provas científicas emitidas por autoridades médicas”, diz. Do contrário,  garante Cabezón, os pais correm o risco até mesmo de perder a guarda da criança. “Há uma série de medidas que um juiz pode tomar para garantir o direito da criança à saúde.”

Saiba como é possível fortalecer o vínculo afetivo com Pequenas atitudes

Crescem os estudos que comprovam como os familiares interferem na nossa saúde física e mental, independente da idade. Uma pesquisa publicada no Jornal da Associação Americana do Coração, por exemplo, comprovou que pacientes da terceira idade se recuperam muito mais rápidos de derrame quando acompanhados dos parentes. Já outro estudo recente da Universidade de Oregon, nos EUA, indicou que pais com dificuldades de relacionamento têm mais chances de ter bebês com distúrbios durante o sono.

Manter o vínculo afetivo é uma vantagem e tanto, mas nem sempre é fácil. "Há famílias que se vêem muito, porém as pessoas não são tão próximas, porque tem o componente da afinidade. Construímos vínculos com as pessoas que nem sempre podem existir nas famílias", explica a psicóloga Eliana Alves, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro. No Dia Nacional da Família (08 de Dezembro), confira alguns ingredientes diários que podem incrementar os laços afetivos e aumentar - de fato - a união familiar.


Respeite os limites de cada um

Esse é um dos hábitos mais difíceis, pois implica aceitar algumas diferenças. "Cada indivíduo da família tem seu ritmo, seu jeito de vivenciar as coisas da vida. Tanto os filhos como os pais desenvolvem essa percepção do 'jeito de cada um'", conta o psiquiatra Paulo Zampieri, Terapeuta de Casais e Famílias, de São Paulo. Procurar respeitar essas peculiaridades - desde que não sejam preocupantes - pode ajudar a resolver conflitos familiares de uma forma muito mais fácil.

Priorize o bom humor

Procure encarar os conflitos familiares com mais disposição. Muitos deles surgem por motivos pequenos e são alimentados pelo cansaço e estresse do dia a dia. "Encarar conflitos já é melhor do que evitá-los e há de ser com bom humor, senão fica sempre parecendo cobrança ou bronca", aconselha o psiquiatra Paulo Zampieri. 

Cozinhe em conjunto

A psicóloga Eliana Alves fala que é importante criar espaços que propiciem um vínculo afetivo. "Vivemos no imperativo da falta do tempo, mas é necessário se preocupar em criar momentos para conviver com nossos familiares", diz a especialista.

Para driblar essa falta de tempo, os programas conjuntos podem ser tarefas diárias como as atividades domésticas, que permitem uma troca de experiências. "Atividades lúdicas e domésticas ajudam todos os membros da família a se apropriarem dos pertences do lar, aprendendo juntos as tarefas que um dia os filhos também farão", afirma o psiquiatra Paulo Zampieri. 

Incentive o diálogo

Essa é uma das práticas mais fundamentais. De nada adianta viver unidos sob o mesmo teto se não há conversa, se as pessoas não compartilham seus sentimentos e experiências de vida. O diálogo permite saber o que o outro está pensando e sentindo e é a melhor forma de resolver desentendimentos.

"Os familiares são os maiores parceiros que filhos, pais e avós têm naturalmente na vida", lembra o psiquiatra Paulo Zampieri, que dá uma boa dica para fortalecer os vínculos por meio do diálogo. "Peça aos avós que contem como foi a vida deles, como se uniram, o que pensavam da vida. É um jeito interessante de co-construir a história da família por meio dos protagonistas mais velhos e permite conhecer como os costumes mudaram", completa. 

Crie momentos de lazer com todos

Os familiares servem de apoio nas horas difíceis, mas também podem ser ótimas companhias para momentos de distração e divertimento. O psiquiatra Paulo Zampieri conta que, quando os filhos são pequenos, fica mais fácil: "É só convidar que todos vão", comenta.

No entanto, quando os filhos crescem e se tornam mais independentes, essas ocasiões ficam cada vez mais incomuns. "Quando a família cultiva esses hábitos desde cedo, gera a possibilidade de conservar atividades de lazer em conjunto em etapas mais adultas", completa o especialista.

Procure estar disponível

Não precisa ser super-herói: é impossível estar disponível o tempo todo e a família precisa entender isso, principalmente as crianças. Entretanto, mostrar disponibilidade para conversar e dar atenção, sempre que possível, é fundamental. De acordo com o psiquiatra Paulo Zampieri, os pais devem fazer isso de forma declarada. "Conte comigo", "sou seu parceiro" ou "se precisar, estou aqui" são frases que ajudam os filhos a encontrarem um momento de poder falar. 

Evite que a rotina agitada e estressante interfira no contato familiar

É nada agradável encontrar uma pessoa em casa com a cara fechada, sem vontade de conversar. Experimente imaginar que, no momento em que você for passar pela porta de entrada, as preocupações do trabalho ficarão do lado de fora. A família poderá ser uma excelente forma de distração!

Em alguns momentos, procure também deixar o trabalho e demais compromissos em segundo plano. "Tal postura pode indicar valorização do contato, como se a pessoa estivesse dizendo à família: 'vocês são importantes para mim'", afirma a psicóloga clínica Michelle da Silveira, de São Paulo.

Invista no afeto

Há várias formas de manifestá-lo, vale a sua criatividade de adaptá-las ao tempo e à rotina que você possui. Não se esqueça também do carinho físico. Um simples abraço proporciona conforto e uma ligação muito forte. "O afeto pode ser uma forma de aproximação das pessoas. A partir dele, outros sentimentos fundamentais para as relações serem estabelecidas são formados, como: respeito, compreensão, tolerância, entre outros", explica a psicóloga Michelle da Silveira.

Não espere os finais de semana

Procure se lembrar de estreitar os vínculos sempre. Um telefonema, um email ou mesmo uma mensagem por celular podem ser demonstrações de afeto que fazem a diferença. "Com maior tempo de interação, as pessoas poderão se conhecer melhor, agregar pontos positivos da outra pessoa, descobrir afinidades e, a partir daí, estreitar os laços que podem levar à construção de vínculos mais estáveis", esclarece a psicóloga Michelle da Silveira.

Reconheça os próprios erros

Ninguém na família é perfeito, inclusive os pais. Segundo a psicóloga Michelle da Silveira, assumir falhas pode implicar em mudança, uma vez que a pessoa refletiu sobre a sua ação e, em uma próxima situação parecida, tentará agir de forma diferente. "Esse comportamento de flexibilidade gera confiança na pessoa com a qual se relaciona, pois ela fica com a idéia de que o erro poderá não se repetir", completa.

Crie momentos a sós com cada um

Estimular ocasiões exclusivas entre marido e mulher ou mãe e um dos filhos, entre outras possibilidades, facilita a comunicação. A psicóloga Michelle da Silveira explica que isso favorece o conhecimento entre as pessoas e facilita a criação de sentimentos, como intimidade e confiança.

Seja um exemplo

Suas pequenas atitudes no âmbito familiar podem gerar admiração pelos parentes. Quando há essa admiração, a possibilidade de existir vínculos é maior. A psicóloga Michelle da Silveira explica: "Existe nas relações a intenção comum entre as partes de agregar valores, e só é possível obter esses valores, em geral, de alguém sobre o qual se nutre admiração".

POR LETÍCIA GONÇALVES - ATUALIZADO EM 07/12/2012 - MINHA VIDA

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